segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Sergio Ramos, nosso querido amigo, partiu antes do combinado…

Hoje recebemos uma notícia muito triste: nosso amigo Sergio Ramos faleceu vítima de câncer nos pulmões (magro, nunca fumou e se cuidava…).

Ele foi o grande companheiro do Renato no Projeto Extensão (junto aos municípios de Rancho Queimado e Aguas Mornas). Apesar de sua formação não ser pedagógica, pois era engenheiro, demonstrou sempre muita sensibilidade para as questões que o Projeto desenvolvia nestes dois municípios, destacando ainda a sua persistência como parceiro do mesmo! Era respeitado e admirado por isso pelos integrantes do Projeto, notadamente os professores.

Discreto, solidário, sério, comprometido, pontual: um parceirão!!!

                 Sergio2

Seu jeito amigo e carinhoso está registrado no livro comemorativo dos 50 anos da Graça como segue abaixo:

“O tempo passa e ficam lembranças. Mas as lembranças que ficam, que resistem, são sempre as boas lembranças. Acho que isso é saudade. Tenho saudade da F.... (FAED). E FAED não é aquele bonito prédio antigo, mas as pessoas que fazem com que aquele prédio esteja sempre cheio de vida.

Entre essas pessoas que me dão saudade aparece para mim, com muito destaque, a figura da Graça, a Graça Soares. Uma figura! Tenho saudade de conviver com ela.

A princípio, uma mulher atraente e desconhecida. Pouco depois, agitadora, subversiva, abusada, querendo derrubar o Schüller – então diretor da Faculdade de Educação (FAED) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) -, e aí começando a me envolver objetivamente, porque afetivamente eu já estava envolvido.

Todavia, aos poucos foi surgindo a verdadeira Graça: devotada às suas idéias, certas ou erradas, não importa, mas brigando por elas com honestidade, dando a cara para bater e assumindo todos os ônus dessa maneira de ser com tranqüilidade, sempre divertida e sempre atraente. Com certeza, o Renato concorda.

Sua gestão como diretora foi marcada por tantos acontecimentos merecedores de registro, que este espaço é pequeno para citar todos os que me vêm à memória. As brigas com o reitor, as campanhas eleitorais, as greves, os 30 anos da FAED, os jantares festivos e tantos outros.

Entretanto, quero citar um que não posso esquecer: as Oficinas de Sexualidade. O convite foi mais ou menos assim: “- Sérgio, estamos realizando oficinas de sexualidade. Já fizemos uma com as professoras e agora vamos fazer uma em conjunto, professores e professoras. Já temos três ou quatro inscritos, o Mário, o Fulano, o...”, e citou vários colegas. Dizer não para a Graça é difícil, então eu fui, meio assustado, afinal, eu não seria o único homem na estória.

Mas, para minha surpresa, eu fui o único homem da estória. Os outros rapazes não apareceram e eu ainda era “contra” umas dez colegas. Pensei em fazer uma desabalada carreira pela Praça dos Bombeiros (que ficava na frente do prédio), mas tive vergonha e fiquei.

Lembro-me bem da cara dela rindo do meu embaraço. Mas foi bom. E foi bom também que eu fosse o único homem do grupo, porque uma das atividades realizadas era a simulação do nascimento. A gente tinha que atravessar uma longa vagina – um túnel apertado, formado pelas colegas participantes - até conseguir “nascer”. Portanto, a ausência de representantes masculinos nessa “vagina” foi reconfortante. A Graça me fez nascer de novo.

O tempo foi passando e nós fomos amadurecendo. Amadurecer é adquirir sabedoria. Sabedoria é o aprendizado por experiências. A experiência de conviver com a Graça foi um aprendizado para mim. Um aprendizado prazeroso.

Além da grande satisfação de já ter meu retrato ao lado dela na galeria dos “ex” diretores da FAED, recebo com distinção a oportunidade de participar desta homenagem, que permite que eu inscreva meu nome para sempre na memória dessa família que aprendi a admirar. Espero que a página que me couber neste livro não seja arrancada nunca.”

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