quinta-feira, 23 de julho de 2009

Se a “religião é o ópio do povo” a “fé remove montanhas”…

 

Nas estradas que cortam o deserto do Atacama e no sul do Peru são comuns montinhos de pedras. Em cada região tem-se uma explicação. A mais corrente é de que cada viajante ao colocar uma pedra agradece a viagem e faz um pedido à mãe terra ou à Pacha Mama.

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No Chile, principalmente na região norte, a cada vida perdida numa de suas carreteras surge no local do acidente uma espécie de pequeno mausoléu onde a criatividade rola solta: tem casinha com sofá em frente, com miniatura de caminhão, de carro, quase sempre identificados com a profissão do morto ou de suas predileções, muitos com árvores plantadas para lhe fazerem sombra. Difícil fotografá-los, pois se situam em lugares de grande risco de acidentes em rodovias sem acostamento.

Na Argentina a manifestação mais recorrente nas “Rutas” diz respeito ao Gauchito Gil (Antonio Mamerto Gil Núñez). Embora seu santuário esteja no departamento de Mercedes, Província de Corrientes, os testemunhos de seus milagres se espalham em todo o país. São manifestações de toda a ordem: pessoas vestidas de vermelho com bandeiras tremulando nas sinaleiras de algumas cidades, romarias e, principalmente, os pequenos oratórios circundados com bandeiras vermelhas.

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Existem em vários tamanhos, em encruzilhadas, em longas retas, às vezes um em seguida de outro. É impossível não percebê-las!

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Conta a lenda que ele nasceu nos idos de 1847 - não se sabe com certeza a data - até porque muitas coisas de sua vida ainda não estão claras e carecem de provas documentais, etc.

Anos mais tarde, por ter lutado muitas guerras, (inclusive contra o Paraguai), conhecia o estrago e as mortes que estas peleias encerravam. Assim, quando foi recrutado para mais uma destas batalhas, deixou o acampamento, refugiando-se na montanha por mais de um ano. Acusado de desertor por uns, declarado defensor dos direitos dos mais necessitados por outros e tido como alguém com o dom da cura, era ajudado pela população.

As diversas versões sobre a sua captura coincidem quando afirmam que após um sonho com ordens divinas pegou suas coisas e desceu as montanhas. Preso sem resistência alguma foi enviado para Mercedes, acompanhado por quatro soldados, para ser julgado por um tribunal específico em Goya. Este procedimento quase sempre terminava com a morte dos presos, justificada como tentativa de fuga.

Sabendo disso, um coronel que o considerava um homem justo e honesto intercedeu por ele junto ao chefe Zalazar. O chefão condicionou a libertação do prisioneiro à obtenção de um abaixo assinado com, no mínimo, 20 assinaturas. O coronel Velázquez conseguiu e, finalmente, foi dado o perdão. Só que o documento chegou tarde: Gil e os soldados estavam longe!

Numa encruzilhada há uns oito quilômetros ao norte de Mercedes ele implorou aos soldados que não lhe matassem porque a ordem para sua libertação estava a caminho, o que não foi considerado. Diante disso profetizou que à noite, junto com a ordem do seu perdão, o sargento seria informado que seu filho está enfermo e à beira da morte e como ele ia derramar o sangue de um inocente (o seu sangue) que o invocasse para que intercedesse junto a Deus pela vida de seu filho, pois o sangue derramado de um inocente é milagroso.

Resumindo: ninguém acreditou nele e o mataram brutalmente. Quando chegaram em Mercedes, os soldados souberam que Gil dizia a verdade. Diante disso o sargento foi até sua casa onde foi informado da doença mortal do filho. Ele então pediu que Gil o salvasse e, quando isso aconteceu, ele mesmo construiu uma cruz de madeira e a colocou no local onde mataram este que hoje se constitui num dos santos populares da Argentina (cujo processo de canonização se encontra em desenvolvimento).

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Daí em diante multiplicaram-se os altares nas estradas para pedir e/ou agradecer a Deus por seu intermédio. 

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Neles acendem velas vermelhas, colocam bandeiras vermelhas com o nome da pessoa a ser protegida em altas taquaras como uma das formas de testemunhar os milagres deste santo popular.

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Esta pequena história é a síntese dos depoimentos orais que recolhemos quando passamos por lá em 2008. Na Internet existem muitos sites com várias e mais completas versões. De um deles, retiramos o que segue abaixo:

“Cómo pedirle al Gauchito Antonio Gil

La manera de pedirle favores al santo es de lo más variada. Están los que le prenden una vela colorada y le hacen el pedido. Otra manera es escribir en una cinta de raso colorada el pedido y colocarla por la noche en un cruce de caminos, apoyada en la rama de un árbol, de un alambrado o en un palo clavado en la tierra (si es una caña tacuara es mejor, caso contrario una caña común o un palo de madera). Se enciende una vela colorada, se toma una cinta colorada y se la hace pasar, todo el largo de la cinta, de un extremo a otro entre los dedos, a modo de rosario, allí en ese momento se le hace una oración al Gauchito, se le pide que interceda ante Dios por nosotros, y al finalizar se rezan un Padre Nuestro, un Ave María y un Credo. Luego toman la cinta y la llevan a un cruce de caminos, cerca de un árbol, si las condiciones lo permiten, se enciente una vela colorada. Hay personas que le encienden una vela colorada en un cruce de caminos y le hacen el pedido allí. Otra forma de hacer un pedido es realizando una novena comenzando un día lunes.

Oración al Gauchito Antonio Gil
OH! Gauchito Gil
Te pido humildemente
Se cumpla por intermedio
Ante Dios, el milagro que te pido:
Y te prometo que cumpliré
Mi promesa y ante Dios
Te haré ver,
Y te brindaré mi fiel agradecimiento
Y demostración de Fe
En Dios y en vos
Gauchito Gil
Amén”.

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Um comentário:

  1. Ai, mae... que LINDO esse post. As fotos, a historia, tudo!

    Me arrepiou!

    TE AMO!

    Beijos da Hedinha!

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