sábado, 26 de março de 2011

USHUAIA: LÁ FOMOS NÓS! Parte 10

 

31º dia, 22 de março – rodamos 296 km

ADUANAS E RÍPIO ‘OI NÓS AQUI TRAVEIS’...

A temperatura dentro do MH é de 1º e lá fora de -10º (a sensação térmica? Sei lá mas é de muuuuuuuuuuuuitooooooooooo frio!). E vento mandando ver...

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Às 8 h o para-brisa do nosso MH tinha gelo por dentro e por fora dificultando a visão até que o sol o derreteu enquanto fazíamos os trâmites na aduana (que foi tranquilo).

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E... ola que tal, rípio: que saudades! Doze quilômetros depois mais uma aduana, desta vez a chilena: tranquila, mas demorada, muito carimbo... Pela primeira vez nesta viagem olharam bem a geladeira e pediram pra ver alguns armários (no nosso caso ficou claro que o fiscal nunca tinha visto uma casita assim tão grande e completa, mas no do Neca/Tere parece que a fiscal foi mais rígida mesmo).

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Para nós pareceu que o trecho de rípio ruim estava melhor e o bom, piorara. Viemos tranquilos e rapidamente. No entroncamento onde dormimos na ida encontramos o fundo da churrasqueira que tínhamos esquecido. Esperamos por uma hora até eles chegarem. Chegamos ao asfalto (antes da entrada para Cerro Sombrero) às 12h13min, almoçamos e esperamos por Neca e Tere durante uma hora. No total foram duas horas de diferença num trajeto de 142 km de rípio. Essa diferença deve-se ao tamanho dos pneus. Pneus pequenos forçam a ir despacito especialmente devido às já referidas costeletas da estrada, que, como diz Fernando, trelam tudo .

Nessa hora chega-se rapidamente à conclusão de que os motor homes convencionais não são preparados para estradas nestas condições. Além de se correr o risco de quebrar algo no carro, internamente parece que tudo vai despencar e isso que no nosso barulhava, apenas o suporte do blecaute do para-brisa e a janela do motorista (Tere e Neca quase desmontaram o deles e dá-lhe trelar!). O pó, então, completa o quadro.

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Renato teve o cuidado de fechar a chaminé do aquecedor a gás e as principais entradas de ar com papelão, notadamente as de cima, por onde o pó adentra no motor home. Isso foi fundamental, mas não evitou que alguma poeira entrasse. Já na parte inferior, dos bagageiros contendo equipamentos, cujas entradas de ar são mais difíceis de fechar porque são muitas, a poeira fez a festa. A solução foi encostar numa gomeria e pedir a mangueira de ar e fazer aquela limpa.

O maior problema para motor homes com motor traseiro, em estradas de poeira, é o filtro de ar, que fica atrás e acaba puxando a poeira para o filtro. Renato teve o cuidado de a cada 70/80 km parar e fazer a limpeza com o ar do compressor, através de um engate rápido instalado debaixo do painel do carro. Isso, com certeza, evitou problemas mais sérios de motor.

Mais alguns km e pegamos a mesma balsa da vinda e 40 km adiante, em Monte Aymond, mais uma aduana, ou seja, saímos do Chile e entramos na Argentina novamente. Em nenhuma delas fizeram vistoria nos carros. E o ventão continua...

Nove km antes de Rio Gallegos (capital da província de Santa Cruz) tem um posto policial onde nos pediram a documentação (novamente).

Dormimos ao lado de um YPF (onde Neca colocou água). Existem vários YPF’s e um BR próximos uns dos outros convém pesquisar antes de pernoitar.

USHUAIA, lá vamos nós! Parte 9

 

26º dia, 17 de março – USHUAIA/AR – rodamos - 341 km

Um pouquinho de história (pra quem gosta), um resumo do resumo do resumo: Fernão de Magalhães ou Hernando de Magallanes foi um navegante português que, a serviço da Coroa espanhola, buscava um caminho para cruzar da América até a Indonésia. Sua frota era composta por quatro caravelas: Trindade  (a do capitão), Santo Antonio (que lhe abandonou quando estavam no estreito), Concepção e Vitória tripuladas por uns 260 homens. Entre os dias 27 e 28 de novembro de 1520, após 37 dias de explorações e o abandono de uma caravela, Magalhães encontrou a saída para um outro oceano que ele batizou de Pacífico porque no dia em que chegou ali o mar estava bem calmo. Cruzou o oceano até as Filipinas, onde morreu nas mãos dos nativos, sendo a expedição concluída pelo segundo capitão (Elcano) no comando da nau Trindade com apenas 18 sobreviventes (que se converteram nos primeiros homens a circumnavegar a terra).

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A Terra do Fogo corresponde ao território da grande ilha que fica ao sul do Estreito de Magalhães sendo um lado chileno e outro, argentino, o que só complica o turismo terrestre. Mas por que Terra do Fogo?

“El origen de su nombre data de 1520, cuando Hernando de Magallanes la bautizó por primera vez como Tierra de los Fuegos o de los Humos por las fumarolas que destacaban en sus riberas y que eran encendidas por los selk’nam. Carlos V, rey de España, cambió esta denominación por la de Tierra del Fuego, considerando que el humo debía provenir de fuego.”

A colonização espanhola (como quase todas as colonizações) dizimou os povos nativos (a história local é riquíssima e não caberia aqui, neste momento, mas vale a pena consultar os sites específicos).

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No lado chileno a capital é Porvenir cujo melhor acesso é via Ferry que se pega em Punta Arenas pois por terra é só rípio!

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No lado argentino, Ushuaia é a capital da provincia da Terra do Fogo:

“Ubicada en la Isla Grande de Tierra del Fuego, sobre el canal Beagle, que por su vez lleva el nombre del velero que comandaba su descubridor, Robert Fitz Roy, Ushuaia se extiende por la ladera de los montes Martial, así denominado por la expedición francesa al mando del capitán de ese apellido que llegó a la zona en 1883.” (…) “La particularidad es que puede dar una sensación de encierro porque nunca se ve el horizonte. Es la ciudad más austral del mundo y está ubicada en una zona de profundos valles con bosques de lengas, ñires y guindos. Ushuaia es una palabra de origen Yámana y significa ‘bahía que mira al poniente” (para os chilenos a cidade mais austral é Puerto Williams). Mas para nós meros viajantes as duas o são e vale o desafio de ter conseguido chegar aqui…

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Após uma noite reparadora do cansaço do rípio resolvemos ‘gastar’ o dia com a faxina de nossas casitas, lavação de roupas, conserto do para-choque e supermercado – já que esta absurda entrada e saída de aduanas não nos permite trazer frutas e carnes frescas, por exemplo.

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27º dia, 18 de março –

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Atualizamos o blog e à tarde fomos para o ciy-tour no antigo bus doble-deck de estilo inglês que percorre os principais pontos históricos da cidade com uma explicação sintética e eficiente da guia.

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Depois percorremos o comércio da rua principal (San Matín) e o que mais nos chamou a atenção é o alto preço dos artigos com as pedras locais...

A temperatura continua fria e a variação entre sol, nublado e chuva num mesmo período impressiona (só não nevou).

Neca levou o MH para soldar o que faltava e, novamente, o ferreiro não quis cobrar o serviço e ele teve que deixar o dinheiro sobre a mesa, pode?


28º dia, 19 de março –

Considerando tempo de navegação X o que poderíamos ver  (e que muitos pinguins veremos na Punta Tombo)decidimos por menos tempo de navegação nas águas de Ushuaia. Cedo estávamos no porto para o passeio no barco Barracuda.

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Achamos um charme este que é o primeiro barco de turismo local e o atendimento nos pareceu menos comercial. O café barracuda, o irlandês, o cappuccino, a torta de requeijão e a cerveja artesanal estavam ótimos.

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São três horas de navegação no canal de Beagle passando na Ilha dos Pássaros, Ilha dos Lobos e no Arquipélago  Bridges que são pontos privilegiados  para se ver leões marinhos, albatrozes, cormoranes e petreles.

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Para nós pareciam pinguins (já que dizem que existem dois tipos por aqui), mas não, são pássaros e leões marinhos…

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Um dos pontos culminantes do translado é a passagem pelo Farol Les Eclaireurs que, intimamente, chamamos de Farol do Fim do Mundo (um dos símbolos da região/cidade).

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É um farol pequeno se comparamos com os que temos no sul do Brasil mas sua localização estratégica define bem por onde os barcos devem passar para não terem problema neste canal.

Na volta, mais uma pesquisa no comércio local. Almoçamos na Cantina Fueguina de Freddy (Marisqueria del Fin del Mundo) que não tinha centolla viva e, por isso, optamos por experimentar uma ‘merluza negra en la plancha’: não gostamos pois nos pareceu gordurosa (preferimos congrio e/ou salmão).

Aqui temos nos deslocado de táxis (preço razoável, atenciosos e motoristas com bons papos) e com eles trazemos los vinos que compramos no Quelhue/ wine shop e uns regalitos de las atesanias. Fomos à duas peixarias mas não encontramos centollas inteiras (assim como temos o siri e o caranguejo no Brasil) pra cozinhar ao bafo no MH (sonho da Graça). Além de cara já que aqui é o seu habitat natural, só se encontra congelada em partes. Vivas e inteiras com o casco só em alguns poucos restaurantes e a peso de ouro (variando entre $300 e $ 400 o quilo)!


29º dia, 20 de março

Depois de mais uma noite fria (-2º) ficamos ‘lagartiando’ numa roda de chimarrão, combinando a continuidade da viagem e à espera do churrasco do Neca.

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Tão logo a linguiçinha começou a assar o cheiro atraiu um baita labrador, o que fez Renato lembrar do amigo Beck que, além da amizade, possui também um “perro” da mesma raça.

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Na recepção do camping Graça foi procurada por uma jovem espanhola de Zaragoza (com a qual já trocara ideia sobre tricô) que, com o namorado, fez de bicicleta o trajeto de Puerto Mont a Ushuaia pela Carretera Austral. Ela quis aprender como costurar o gorro do namorado que acabara de fazer. Tudo o que Gracita gosta! Gostou tanto da chica que le regaló un poncho de lana marron que tenía que a ella habia gustado.

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Depois fomos jantar e conhecer o restaurante Gustino e seu garçon mais famoso, o Sérgio. Destaque em revistas, guia de viagens e no blog do Casal na Estrada, estávamos curiosos. A propaganda é justa: Sergio faz, competentemente, seu marketing e o do serviço do restaurante que é impecável!

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Insatisfeitos com a merluza negra de ontem não acatamos sua sugestão, do que nos arrependemos mais tarde ao vê-lo servir a mesma para vizinhos de mesa: outra coisa! A sobremesa que o Renato ‘traçou’ também estava divina. O único senão foi que só ao pagarmos a conta é que percebemos que a gostosa cerveja (Patagônia de 1 litro) que tomamos custa quase o preço do vinho … (Nossa sugestão: indo ao Ushuaia vá no Gustino pois sua comida é maravilhosa e seus preços são justos mas beba um bom vinho. Converse com a Marita -já trabalhou em Balneário Camboriu e morou no Estaleirinho - porque ela também faz a diferença).

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Na saída a temperatura tinha aumentado  e foi uma boa noite pra dormir. De madrugada  começou uma chuva que só parou ao amanhecer.


30º dia, 21 de abril (início do Outono no hemisfério sul)

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Ainda com o tempo nublado acertamos as contas no camping (que já foi club de esqui) onde destacamos o perfeito e correto atendimento de Fernando, Victor e Florencia.

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O preço da diária condiz com o serviço (boa luz e boa água, também), o bar é um ponto de encontro de viajantes do mundo inteiro e a  locomoção para o centro da cidade é fácil (seja de táxis ou ônibus).

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Fomos para o Parque Nacional Tierra del Fuego (da entrada em diante é uma boa estrada de chão) onde  estrangeiro paga $65  para entrar.

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Chegamos até a bahía de Lapataia no final da Ruta 3.

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Depois fomos até a  Bahía Ensenada onde carimbamos nossos passaportes e enviamos postais aos queridos filhos e agregados.

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Os campings organizados neste parque contam com containers equipados com bons, limpos e calafetados banheiros (excelente pra quem quer explorar o parque mas, no mínimo,  12 km distante da cidade).

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Alguns doidos apostaram entrar nas águas geladas mas desistiram no caminho…

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Voltamos à costanera de Ushuaia e estacionamos ao lado da placa do fim do mundo (era a hora da siesta) onde almoçamos.

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Na Ruta 3 na altura de Paso Garilbaldi novamente a vista do Escondido e as belas paisagens da travessia da cordilheira dos Andes onde, na altura de Tolhuin, começou a ventar forte. Até Rio Grande o vento só aumenta mas nossa ‘sorte’ é que o tráfego era pouco.

Dormimos na aduana da Argentina em San Sebastián sob o telhado de uma ‘estacíon de servício’ abandonada o que nos abrigou do vento forte mas, assim mesmo, foi uma noite muito fria.

ENDEREÇOS E COORDENADAS

Camping La Pista del Andino – (acceso por Senderos al Glaciar Martial) -   Alem 2873 –S54º48.765’ / W068º21.033’  www.lapistadelandino.com.ar

La Cantina Fueguina de Freddy: San Martín 318 (9410) www.lacantinafueguina.com.ar

Restaurante GUSTINO – frente al Puerto - Av. Maipú, 505 www.gustino.com.ar

Quelhue – Vinos y Sabores Argentinos: San Martín 214 (www.quelhue.com.ar)