26º dia, 17 de março – USHUAIA/AR – rodamos - 341 km
Um pouquinho de história (pra quem gosta), um resumo do resumo do resumo: Fernão de Magalhães ou Hernando de Magallanes foi um navegante português que, a serviço da Coroa espanhola, buscava um caminho para cruzar da América até a Indonésia. Sua frota era composta por quatro caravelas: Trindade (a do capitão), Santo Antonio (que lhe abandonou quando estavam no estreito), Concepção e Vitória tripuladas por uns 260 homens. Entre os dias 27 e 28 de novembro de 1520, após 37 dias de explorações e o abandono de uma caravela, Magalhães encontrou a saída para um outro oceano que ele batizou de Pacífico porque no dia em que chegou ali o mar estava bem calmo. Cruzou o oceano até as Filipinas, onde morreu nas mãos dos nativos, sendo a expedição concluída pelo segundo capitão (Elcano) no comando da nau Trindade com apenas 18 sobreviventes (que se converteram nos primeiros homens a circumnavegar a terra).
A Terra do Fogo corresponde ao território da grande ilha que fica ao sul do Estreito de Magalhães sendo um lado chileno e outro, argentino, o que só complica o turismo terrestre. Mas por que Terra do Fogo?
“El origen de su nombre data de 1520, cuando Hernando de Magallanes la bautizó por primera vez como Tierra de los Fuegos o de los Humos por las fumarolas que destacaban en sus riberas y que eran encendidas por los selk’nam. Carlos V, rey de España, cambió esta denominación por la de Tierra del Fuego, considerando que el humo debía provenir de fuego.”
A colonização espanhola (como quase todas as colonizações) dizimou os povos nativos (a história local é riquíssima e não caberia aqui, neste momento, mas vale a pena consultar os sites específicos).
No lado chileno a capital é Porvenir cujo melhor acesso é via Ferry que se pega em Punta Arenas pois por terra é só rípio!
No lado argentino, Ushuaia é a capital da provincia da Terra do Fogo:
“Ubicada en la Isla Grande de Tierra del Fuego, sobre el canal Beagle, que por su vez lleva el nombre del velero que comandaba su descubridor, Robert Fitz Roy, Ushuaia se extiende por la ladera de los montes Martial, así denominado por la expedición francesa al mando del capitán de ese apellido que llegó a la zona en 1883.” (…) “La particularidad es que puede dar una sensación de encierro porque nunca se ve el horizonte. Es la ciudad más austral del mundo y está ubicada en una zona de profundos valles con bosques de lengas, ñires y guindos. Ushuaia es una palabra de origen Yámana y significa ‘bahía que mira al poniente” (para os chilenos a cidade mais austral é Puerto Williams). Mas para nós meros viajantes as duas o são e vale o desafio de ter conseguido chegar aqui…
Após uma noite reparadora do cansaço do rípio resolvemos ‘gastar’ o dia com a faxina de nossas casitas, lavação de roupas, conserto do para-choque e supermercado – já que esta absurda entrada e saída de aduanas não nos permite trazer frutas e carnes frescas, por exemplo.
27º dia, 18 de março –
Atualizamos o blog e à tarde fomos para o ciy-tour no antigo bus doble-deck de estilo inglês que percorre os principais pontos históricos da cidade com uma explicação sintética e eficiente da guia.
Depois percorremos o comércio da rua principal (San Matín) e o que mais nos chamou a atenção é o alto preço dos artigos com as pedras locais...
A temperatura continua fria e a variação entre sol, nublado e chuva num mesmo período impressiona (só não nevou).
Neca levou o MH para soldar o que faltava e, novamente, o ferreiro não quis cobrar o serviço e ele teve que deixar o dinheiro sobre a mesa, pode?
28º dia, 19 de março –
Considerando tempo de navegação X o que poderíamos ver (e que muitos pinguins veremos na Punta Tombo)decidimos por menos tempo de navegação nas águas de Ushuaia. Cedo estávamos no porto para o passeio no barco Barracuda.
Achamos um charme este que é o primeiro barco de turismo local e o atendimento nos pareceu menos comercial. O café barracuda, o irlandês, o cappuccino, a torta de requeijão e a cerveja artesanal estavam ótimos.
São três horas de navegação no canal de Beagle passando na Ilha dos Pássaros, Ilha dos Lobos e no Arquipélago Bridges que são pontos privilegiados para se ver leões marinhos, albatrozes, cormoranes e petreles.
Para nós pareciam pinguins (já que dizem que existem dois tipos por aqui), mas não, são pássaros e leões marinhos…
Um dos pontos culminantes do translado é a passagem pelo Farol Les Eclaireurs que, intimamente, chamamos de Farol do Fim do Mundo (um dos símbolos da região/cidade).
É um farol pequeno se comparamos com os que temos no sul do Brasil mas sua localização estratégica define bem por onde os barcos devem passar para não terem problema neste canal.
Na volta, mais uma pesquisa no comércio local. Almoçamos na Cantina Fueguina de Freddy (Marisqueria del Fin del Mundo) que não tinha centolla viva e, por isso, optamos por experimentar uma ‘merluza negra en la plancha’: não gostamos pois nos pareceu gordurosa (preferimos congrio e/ou salmão).
Aqui temos nos deslocado de táxis (preço razoável, atenciosos e motoristas com bons papos) e com eles trazemos los vinos que compramos no Quelhue/ wine shop e uns regalitos de las atesanias. Fomos à duas peixarias mas não encontramos centollas inteiras (assim como temos o siri e o caranguejo no Brasil) pra cozinhar ao bafo no MH (sonho da Graça). Além de cara já que aqui é o seu habitat natural, só se encontra congelada em partes. Vivas e inteiras com o casco só em alguns poucos restaurantes e a peso de ouro (variando entre $300 e $ 400 o quilo)!
29º dia, 20 de março
Depois de mais uma noite fria (-2º) ficamos ‘lagartiando’ numa roda de chimarrão, combinando a continuidade da viagem e à espera do churrasco do Neca.
Tão logo a linguiçinha começou a assar o cheiro atraiu um baita labrador, o que fez Renato lembrar do amigo Beck que, além da amizade, possui também um “perro” da mesma raça.
Na recepção do camping Graça foi procurada por uma jovem espanhola de Zaragoza (com a qual já trocara ideia sobre tricô) que, com o namorado, fez de bicicleta o trajeto de Puerto Mont a Ushuaia pela Carretera Austral. Ela quis aprender como costurar o gorro do namorado que acabara de fazer. Tudo o que Gracita gosta! Gostou tanto da chica que le regaló un poncho de lana marron que tenía que a ella habia gustado.
Depois fomos jantar e conhecer o restaurante Gustino e seu garçon mais famoso, o Sérgio. Destaque em revistas, guia de viagens e no blog do Casal na Estrada, estávamos curiosos. A propaganda é justa: Sergio faz, competentemente, seu marketing e o do serviço do restaurante que é impecável!
Insatisfeitos com a merluza negra de ontem não acatamos sua sugestão, do que nos arrependemos mais tarde ao vê-lo servir a mesma para vizinhos de mesa: outra coisa! A sobremesa que o Renato ‘traçou’ também estava divina. O único senão foi que só ao pagarmos a conta é que percebemos que a gostosa cerveja (Patagônia de 1 litro) que tomamos custa quase o preço do vinho … (Nossa sugestão: indo ao Ushuaia vá no Gustino pois sua comida é maravilhosa e seus preços são justos mas beba um bom vinho. Converse com a Marita -já trabalhou em Balneário Camboriu e morou no Estaleirinho - porque ela também faz a diferença).
Na saída a temperatura tinha aumentado e foi uma boa noite pra dormir. De madrugada começou uma chuva que só parou ao amanhecer.
30º dia, 21 de abril (início do Outono no hemisfério sul)
Ainda com o tempo nublado acertamos as contas no camping (que já foi club de esqui) onde destacamos o perfeito e correto atendimento de Fernando, Victor e Florencia.
O preço da diária condiz com o serviço (boa luz e boa água, também), o bar é um ponto de encontro de viajantes do mundo inteiro e a locomoção para o centro da cidade é fácil (seja de táxis ou ônibus).
Fomos para o Parque Nacional Tierra del Fuego (da entrada em diante é uma boa estrada de chão) onde estrangeiro paga $65 para entrar.
Chegamos até a bahía de Lapataia no final da Ruta 3.
Depois fomos até a Bahía Ensenada onde carimbamos nossos passaportes e enviamos postais aos queridos filhos e agregados.
Os campings organizados neste parque contam com containers equipados com bons, limpos e calafetados banheiros (excelente pra quem quer explorar o parque mas, no mínimo, 12 km distante da cidade).
Alguns doidos apostaram entrar nas águas geladas mas desistiram no caminho…
Voltamos à costanera de Ushuaia e estacionamos ao lado da placa do fim do mundo (era a hora da siesta) onde almoçamos.
Na Ruta 3 na altura de Paso Garilbaldi novamente a vista do Escondido e as belas paisagens da travessia da cordilheira dos Andes onde, na altura de Tolhuin, começou a ventar forte. Até Rio Grande o vento só aumenta mas nossa ‘sorte’ é que o tráfego era pouco.
Dormimos na aduana da Argentina em San Sebastián sob o telhado de uma ‘estacíon de servício’ abandonada o que nos abrigou do vento forte mas, assim mesmo, foi uma noite muito fria.
ENDEREÇOS E COORDENADAS
Camping La Pista del Andino – (acceso por Senderos al Glaciar Martial) - Alem 2873 –S54º48.765’ / W068º21.033’ www.lapistadelandino.com.ar
La Cantina Fueguina de Freddy: San Martín 318 (9410) www.lacantinafueguina.com.ar
Restaurante GUSTINO – frente al Puerto - Av. Maipú, 505 www.gustino.com.ar
Quelhue – Vinos y Sabores Argentinos: San Martín 214 (www.quelhue.com.ar)
Graça e Renato – Vou continuar repetindo – Que viagem maravilhosa!
ResponderExcluirQue a suerte continue!
Tiaaa!!!!
ResponderExcluirEu, o Felipe e o Diego estamos vendo as fotos aqui!! Adoramos! Estão lindas e tb é ótimo receber notícias de vcs! Que massa o carimbo do passaporte!
Bjooos e saudades!
Karine
oLA, ESTOU DE OLHO,HEHEHEH,
ResponderExcluirBOA VIAGEM
ERICO E LIGIA
ola, continuo de olho,eheheh
ResponderExcluirboa viagem
erico e ligia
Mãe, paisagens de cinema.. Que parque é esse?? Quer dizer que conheceram uma gringa que já morou em SC?? hehe.. o prato parecia estar uma delícia mesmo.
ResponderExcluirE o frio?? Gente, é o fim do mundo mesmo.. mas lindo.. mtoo lindo.
O camping tbm.. e municipal ainda. Imagina se no Brasil fosse assim, né?
Ai, tinha mais a dizer, mas é tanta coisa que me perco.. hehe
AMO vocês..
Bjos nos 4 da filhota.
Ola Queridos Graça e Renato!!!!
ResponderExcluirJá estamos de volta. Li uma parte do blog. Que loucura de lugares muito liiiindos, e que viagem realmente maravilhosa e inesquecível. Desejo q continuem fazendo uma ótima viagem, abraços e bjs, p Tere e Neca tbm.