UMA VIAGEM DIFERENTE

 

Mais do que dar notícias gostaríamos que o que segue abaixo seja um ALERTA para que mais ninguém chegue a este estágio e para que repensemos os nossos check-ups.

Quem nos conhece sabe que há anos investimos num bom plano de saúde com alcance nacional e que, religiosamente, fazemos TODOS os exames de rotina (muitos deles solicitados por nós, pois os médicos não os arrolam nas requisições).

Em maio, quando voltávamos do Uruguai, Renato  relatou que ao fazer a higiene matinal percebia um pouco de sangue (isso nos dois últimos anos raramente ocorreu, mas nos últimos dez dias era frequente).

Chegando em casa os sintomas cessaram, mas mantivemos a consulta marcada com um especialista em clínica médica que logo mandou fazer uma COLONOSCOPIA. Segundo ele, na Alemanha muitos planos de saúde exigem este exame antes da assinatura de contrato e ele deveria ser de rotina após os 50 anos, sabias? Nós, não! Nossas suspeitas? Hemorroidas (histórico familiar), no caso, invisíveis...

Findo o exame a médica falou que estava MUITO preocupada com o que encontrou. Esperaria o resultado da biópsia, mas disse que 'viemos na hora certa'. Resumindo: “três lesões polipoides, (…), mas a terceira lesão localizada no reto é um carcinoma (câncer)  'in situ'”, significando que não se espalhou.

Fomos aos exames pré-operatórios, pois, se não desse pra retirar as três coisas que ficaram (das cinco encontradas) seria necessário uma cirurgia convencional. Assim foi feito o check-up do coração, pulmão, exames de laboratório e uma Tomografia Computadorizada do Abdômen Total que diagnosticou um tumor no rim direito.

Fomos ao onco-urologista indicado onde soubemos que se trata de um tumor grande  (7,8 x 6,9 cm) e que, por isso, o rim direito seria retirado porque a cirurgia é a única saída para um câncer no rim deste tamanho (se fosse menor de 5 cm poderia retirar só um pedaço).

É claro que nossa vida ficou em stand by, é evidente que sabemos dos riscos de cirurgias, mas ficamos super confiantes porque são problemas independentes (não é metástase), descobertos em tempo hábil e o Renato é um homem forte. Mas assusta pois, na melhor das hipóteses, ele (nós) teremos que aprender a viver com um rim só e com a certeza de uma predisposição genética para esta doença!!!

No dia 23 de junho, no Hospital de Caridade, Renato fez a cirurgia para retirada do rim direito. Sua recuperação foi tão boa que teve a alta antecipada.

No dia 21 de julho fez nova colonoscopia quando foram realizadas “polipectomias e tatuagem de bases de pólipos (…)”. O resultado do exame (anatomo patológico) identificou a existência de “um adenocarcinoma tubular bem diferenciado, (…), medindo cerca de 3 cm” no Cólon. Ele também revelou a existência de “um adenocarcinoma tubular bem diferenciado ‘in situ’, (…)  que mede cerca de 3cm” no Reto, indicando a necessidade de cirurgia.

Assim, no dia 6 de agosto, voltamos ao Hospital de Caridade onde Re se submeteu a uma videolaparoscopia para retirada de segmento do intestino. Para nós (leigos) um procedimento menos invasivo teria recuperação mais rápida... Engano, pois este tipo de cirurgia (no intestino) exige mais tempo de internação hospitalar (ficamos uma semana), com dieta bem mais restritiva do que a anterior (detalhes das cirurgias não cabem aqui, mas podemos mandar por e-mail pra quem tiver interesse).

Vale lembrar que o câncer de reto é o único que pode ser evitado, daí a importância do exame de prevenção, a COLONOSCOPIA. Segundo os médicos, no Renato o câncer do reto levou uns 8 anos pra se formar e o do rim de 6 a 8 anos (no máximo ele cresce, anualmente, 1cm). Podemos dizer que, até hoje, assintomáticos (se pesquisarmos na internet é esta a conclusão a qual chegamos)!

Aí, perguntarias: ele não sentia nada? NÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

E, além do excesso de peso (média de 95 kg para 1,78 de altura) nunca apresentou qualquer problema. Sempre comeu de tudo sem problema algum (quantos amigos não dormem, tem azia, má digestão, etc. com determinadas comidas?), bebe água de montão, álcool socialmente, nunca fumou, come um pratão de salada antes de qualquer outra coisa, é quem mastiga mais tempo dentre nós todos. Seus exames de laboratório só acusavam um pouco de colesterol (262), triglicerídeos (250) (mas nenhum médico jamais recomendou dieta especial, muito menos algum remédio). Além disso é esportista e muito ativo.

O Renato tem um mesmo urologista há anos, mas há uns três, não é submetido ao exame de toque (só PSA) e na ultrassonografia prostática (via abdominal) só acusava resíduo urinário pós miccional, (ou seja, a bexiga não esvasiava completamente após urinar) embora jamais tenha se levantado a noite para urinar) e moderado aumento sugestivo de hiperplasia prostática benigna (aumento da próstata).

Com tudo isso, salientamos que nenhum médico até hoje nos solicitou qualquer exame que detectasse precocemente um destes carcinomas.

O histórico familiar não contempla nenhum caso de câncer mas sabemos, muitas vezes não é confiável, uma vez que nossos pais e/ou antepassados (e muitos contemporâneos) não primavam pela informação mais detalhada sobre suas enfermidades.

Por conta desta experiência, Graça, que também não tem sintoma algum, submeteu-se aos três exames que hoje consideramos básicos (além dos de laboratórios, ginecológicos e cardíacos): endoscopia, colonoscopia e ultrassom de abdômen. E não é que na colono retirou dois adenomas (com certeza aqui se configura um câncer de intestino evitado) e diagnosticou uma hérnia de hiato e esofagite na endo?!

Para evitar tudo isso, pedimos que pesquises mais sobre medicina preventiva, exijas exames que não sejam rotineiros porque, sabendo-se menos do que se apregoa em termos de prevenção, no final de tudo quem sofre as consequências é a gente!

Lamentamos que na internet e entre alguns conhecidos o preconceito quanto aos exames citados ainda seja tão consistente. Falam do desconforto do preparo para colonoscopia (que se já foi agressiva, hoje não é) e fazem piadas sobre a sua forma, mas esquecem ou não têm ideia do desconforto muito maior das cirurgias, das possíveis sequelas (das quais Renato foi poupado) e consequências.

Leia também o livro do Dr. Gilberto Saute

O que intuíamos se confirmou: nestas horas um bom plano de saúde faz a diferença (não pelo tratamento dispensado pelos profissionais, mas pela agilização dos procedimentos/exames necessários).

Agradecimentos

Na primeira internação (para retirada do rim direito) nem chegamos a criar vínculo de tão rápida que foi. Assim, agradecemos aos funcionários da Ala São Camilo e à equipe do Dr. Agnel cuja competência técnica é indiscutível!

              

Na segunda, passamos uma semana na novíssima ala Nª Senhora da SAÚDE, onde o atendimento impecável e humanizado só nos encantou. Em meio às dores e incertezas, sem sombra de dúvidas, a atenção de todos contribuiu para a superação de mais uma etapa!

Por isso nosso carinhoso agradecimento ao Dr. Eduardo Schimdt (e equipe) incansável e presente em todas as etapas.

Com certeza nosso cotidiano foi perfeito pelo sucesso da intervenção cirúrgica, pelas boas energias enviadas, pelas visitas recebidas mas, principalmente, pelo trabalho eficiente e simpático de todos os profissionais desta ala. Obrigado (em ordem alfabética): Amanda, Denise, Edna, Eloana, Fátima, Gilberto, Kamila, Mª Salete, Mª Valéria, Marilda, Maycom, Sara, Sheila e Tatiana.

Olá,

Passado o susto e, agora, feliz pelo êxito das cirurgias: o câncer foi eliminado. E, aí, passa um filme onde se revelam as coisas ruins e as boas acontecidas nesse processo. E, certamente, uma das coisas boas é ter recebido tanto apoio, torcida, orações, energias... Bem mais do que esperava. Por isso, este e-mail quer compartilhar a alegria pelo desafio superado com a força recebida e dizer, bem alto, um muito obrigado. Não posso deixar de reconhecer publicamente a total dedicação da minha querida parceira Gracita que esteve o tempo todo ao meu lado não só apoiando logisticamente, mas fazendo a parte emocional tão importante. O mesmo devo dizer dos meus filhos Heda e Vitor e seus parceiros Duda e Jana. A eles o meu reconhecimento eterno.

Sem sombra de dúvida, um reconhecimento importante se faz justo e necessário: o profissionalismo, competência e atenção humanizada de todos profissionais de saúde que se envolveram no processo. Tanto os médicos e suas equipes, como o pessoal de enfermagem que tão atenciosamente me atenderam, especialmente  no pós-operatório. Muitíssimo obrigado.

Também fica uma lição: ir atrás de ajuda quando se sente algo estranho na nossa saúde. A descoberta precoce é tudo numa hora dessas. A desinformação foi a nossa maior “inimiga”, pois egundo fomos informados, se trata do único câncer prevenível, o câncer do intestino.

Mais uma vez, muito obrigado a você(s), com a certeza que esse apoio jamais será esquecido, e me coloco à disposição pra outras informações que possa interessar. Abraço.

Renato.

Primeira cirurgia: oquarto era simples e antigo mas a vista, maravilhosa!

  

Em plena Copa do Mundo (neste dia o Brasil ganhou…)

 

“Gracias a la vida que nos ha dado tanto”…